James da Silva é uma jovem que foi registrada com nome de homem. Mas o simples fato de ela ter nome de homem não faz dela um homem nem tampouco interfere na sua feminilidade. Só que esta não é a opinião da rede municipal paulistana de saúde, que se recusou a fazer um ultrassom nela, porque sua certidão de nascimento a identifica como homem. Tal problema se repetiu no Laboratório Fleury, um dos laboratórios clínicos privados mais conceituados no Brasil, onde Silva experimentou a mesma situação, mesmo o exame sendo pago pelo Folha de S.Paulo, sendo que tal teste só foi feito após intervenção do coordenador ambulatorial.
Então o Brasil chegou numa situação bizarra: a pessoa pode ter uma vagina, um útero, seios, menstruar, ter cromossomos XX und so weiter que o que importa mesmo é um pedaço de papel, independentemente de haver pagamento em dinheiro ou não. A bitolação brasileira chegou a tal ponto que interfere negativamente na relação entre dois particulares que não tem obrigação nenhuma de apresentar qualquer papelzinho emitido por um burrocrata de plantão.
Em anexo, o e-mail que mandei para o Laboratório Fleury:
Eu li a reportagem intitulada "Teste revela que a menina James, 16, não está grávida" no jornal Folha de S.Paulo de 5/7/2007 e digo sem constrangimento algum que fiquei chocado com o tratamento do vosso laboratório para com James da Silva. Eu não sabia que tal instituição desse mais importância para papéis burocráticos do que para seres humanos, ainda mais se tratando de um exame particular. Nem tampouco sabia da necessidade de apresentar qualquer tipo de documentação estatal para poder fazer exame num laboratório privado, e desafio-vos a apresentar qualquer legislação que corrobore tal necessidade.
Por fim, gostaria de dizer que devido ao fato de tratáreis pessoas como meros documentos que eu nunca colocarei meus pés em qualquer unidade do Laboratório Fleury e tentarei, em todas as ocasiões, demover pessoas da idéia de ser cliente de vossa instituição.
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