Vinicius Torres Freire do Folha de S.Paulo não é o colunista que mais me chama a atenção no dito jornal mas hoje ele escreveu um artigo excelente sobre a Crise dos Grampos intitulado "O sigilo achado na rua". Alguns trechos:
NO CENTRO de São Paulo ainda é possível comprar cadastros com informações fiscais de cidadãos. Os intermediários do negócio perambulam por calçadas, como camelôs. Fecham negócios em salinhas de prédios que parecem cortiços. Há até estudos econômicos e acadêmicos baseados nessas bases de dados "grampeadas".
Essa história já é velha. Depois que alguns de seus colegas de trabalho foram flagrados também por TVs, ano passado, os vendedores ficaram muito mais ariscos. Na verdade, os intermediadores ficaram mais ariscos. Mas, com jeitinho, não demora muito para se chegar a uma "banca" de CDs com dados sigilosos.
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Tem lista com dados bancários?
Não. Mas há alguns anos reportagens da Folha mostraram que era relativamente fácil obter informações bancárias por meio de funcionários fraudulentos de empresas de prestação de serviços para bancos. Jornalistas que cobrem falcatruas vez e outra recebem ofertas de venda de grampos e similares.
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Que instituições de governo sejam responsáveis por grampos e vazamentos é coisa muito pior, decerto (aliás, anda muito esquecida a quebra do sigilo do caseiro Francenildo). Mas o que dizer quando há vastas porções do Estado contaminadas pelo crime, a vazar e espionar dados sigilosos, negócio feito financiado por dinheiro grosso?
Isto é, o que dizer do vazamento crônico que não ocorre por iniciativa "institucional"? Sim, a coisa chegou ao cúmulo com a espionagem de chefes de Poderes. Mas debaixo do cume há montanhas de sujeira menosprezadas.
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