Tu confiarias a tua vida bancária privada a um sistema de acesso que combina o elemento identificador (exemplo: o número da conta ou do cartão de crédito) com o elemento autenticador (as senhas, códigos de acesso e outros), sendo que esta mistura fosse pública e facilmente violada? Traduzindo para o português: confiarias num sistema bancário onde para realizar qualquer transação tu utilizarias um código disponível a todos?
Pois isso se chama biometria e está començando a ser praticada em bancos brasileiros, em fase de testes. O problema da biometria é que esta acaba com o elemento autenticador, que deve ser sempre privado e conhecido apenas pelo usuário e pelo sistema autenticador (por isso que o gerente da tua conta não sabe a tua senha, embora ele possa saber o número da sua conta, o tal elemento identificador). Outro ponto que os fanáticos da seita do Santo Byte não explicam ao público em geral é a ocorrência de "falsos-negativos" e "falsos-positivos", típicos de sistemas biométricos. Falso-negativo é quando uma pessoa tem um direito legítimo de acesso a determinado sistema e não o pode acessar por não ser reconhecida como parte do sistema. Já o falso-positivo é quando o sistema dá acesso a uma pessoa quando esta não tem direito de acesso ao referido sistema.
E é aí que mora o problema. Fraudes sempre existiram e sempre existirão, só que com o sistema atual, é possível tanto cancelar o elemento identificador (trocando de conta ou cartão) como o elemento autenticador (resetando a senha atual). Com o sistema biométrico, isto é impossível, a não ser claro que se desenvolva transplante de impressões digitais, de íris, de veias humanas e outros fatores biométricos. Para não mencionar a crença fundamentalista que a biometria não pode ser fraudada. Ora, o que é uma impressão digital como identificador biométrico? É apenas diferenças de luzes causadas pelos sulcos dos dedos que são convertidas em um código binário. Sabendo qual é esse código binário temos acesso a toda informação bancária da pessoa em questão.
Ao invés de conscientizar os usuários do sistema financeiro sobre os riscos e como preveni-los em suas mais variadas formas de acesso - internet, telefone, caixa automático e outros - os bancos vão pelo caminho mais fácil e nem sempre mais seguro. Logo eles que estão carecas de saber que a maioria absoluta das fraudes acontece por práticas erradas dos seus clientes e não por uma falha no sistema.
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