Ontem, o Jornal Hoje da TV Globo mostrou uma reportagem intitulada "Câmeras de vigilância ajudam a polícia reduzir a violência". O título da reportagem induz o leitor a pensar que as câmeras de vigilância previnem o acontecimento de crimes mas o primeiro exemplo citado desmente a tese furada das camerazetes:
Era um dia movimentado em um posto de combustíveis de Guarulhos, na Grande São Paulo, até um carro vermelho parar perto das bombas.
Um homem desceu armado e foi pra cima do segurança, que acabou sendo morto com cinco tiros. A imagem captada pelas câmeras de segurança é a única pista que a polícia tem sobre o assassino.
Ou seja, o fato de ter câmeras de vigilância no posto de combustíveis não impediu o homícidio do segurança, não cumprindo sua função de "reduzir a violência" a não ser, claro, que redução de violência seja exibição de morte em rede nacional de televisão. Depois, a reportagem cita o caso de Praia Grande, SP:
Praia Grande, no litoral é a cidade paulista mais vigiada. São 1.200 câmeras instaladas nas ruas, na orla e em prédios públicos.
E foram elas que alertaram a guarda municipal e a polícia para a depredação de escolas, para o vandalismo e para atitudes estranhas, como o furto de cocos das árvores que enfeitam a praia.
“Temos os monitores que ficam 24 horas ligados aos vídeos, havendo qualquer suspeita é chamado imediatamente ou viatura da PM ou da polícia civil”, comenta José Américo Peixoto, subsecretário de segurança Praia Grande.
De 2007 para 2008 o número de furtos diminuiu 26%. Os roubos, 24,5%. E o roubo de veículos quase 20%.
A reportagem não cita o fato da taxa de furtos e roubos não ter diminuído e ser consideravelmente maior do que as taxas do período anterior a instalação das câmeras de vigilância. Como já citei anteriormente:
A medida, no entanto, não é visível nos números da violência da cidade divulgados pela Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo. A prática na cidade de furtos e roubos —tradicionalmente as mais coibidas pelo monitoramento por câmeras— não diminuiu e foram consecutivamente aiores nos últimos cinco anos do que em 2002, último ano antes da implantação da medida. No ano passado [2007], a taxa de roubos foi a maior desde 1999: 388 por 100 mil habitantes. (grifo meu)
Logo após, cita-se São Leopoldo:
São Leopoldo, uma das cidades mais violentas do Rio Grande do Sul baixou a criminalidade com a vigilância eletrônica em quase 80%, em alguns casos.
Nada como uma declaração impossível de ser provada. Que crimes seriam esses? Qual o espaço de tempo da dita queda? Como era antes das câmeras serem instaladas? E como plus, o site da Secretaria de Segurança Pública do RS só tem estatísticas completas entre 2000 e 2006.
Preocupação com a privacidade das pessoas, como as imagens são tratadas e comparação de estatísticas pré- e pós-instalação das câmeras inexiste na reportagem.
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