Estava demorando para alguém utilizar o ataque terrorista em Boston para promover as inúteis câmeras de vigilância. Hoje, Zero Hora (para não perder o costume), traz uma reportagem cujo título é "Câmeras de vigilância são decisivas para solucionar crimes". Pois bem, trata-se apenas de evidências anedotais, sem qualquer tipo de
tratamento estatístico para comprovar ou não o título. Mas o mais
divertido da reportagem está em três opiniões:
Para José Vicente da Silva Filho, coronel da reserva da PM de São Paulo e ex-secretário nacional de Segurança Pública, a ampla cobertura das câmeras acaba produzindo um cruzamento de imagens de grande proveito. Mas especialistas em segurança ressalvam que, se está comprovada a eficiência das câmeras no auxílio à investigação, ainda são tímidos os efeitos desses equipamentos na prevenção de delitos.
(...)Opinião semelhante tem o coronel da reserva da Brigada Militar Luiz Antônio Brenner Guimarães: — Na investigação policial pós-fato, essas imagens podem ter um papel significativo, mas não têm surtido efeito para reduzir a criminalidade, porque não há uma capacidade de resposta.
(...)O próprio caso de Porto Alegre ilustra esse quadro. No Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp), quatro operadores por turno monitoram 16 câmeras em sistema de rodízio, de um total de 42 canais. Para monitorar todos em tempo integral, seriam necessários 10 operadores por turno, conforme o chefe do Ciosp, major Gilberto da Silva Viegas. Ele admite que não houve redução no número de ocorrências por causa das câmeras.
Ora só, então aquela ladainha de instalar câmeras de vigilância para prevenir crimes ou que os criminosos sentir-se-iam intimadados pelo videomonitoramento é só conversa fiada. Bom, eu já alertava isto desde a chegada de Pedro Álvares Cabral. Alguém por favor avise a Prefeitura de Santa Maria, que reclama sobre a falta de câmeras de vigilância nos bancos, e a Câmara de Vereadores de Novo Hamburgo... Bem esta eu discorrerei por inteiro:
Ao final da audiência, o vereador Jesus Maciel Martins, que presidiu a reunião, apresentou um elenco de reivindicações essenciais à segurança, defendidas pelos representantes da comunidade na audiência, a saber: segurança preventiva, intensificação do policiamento nas ruas, desenvolvimento de projetos para a juventude, educação infantil, combate à prostituição infantil, às drogas, atividades esportivas, iluminação pública, melhorias nas ruas e becos, moradias mais dignas, saneamento básico, mais viaturas para a polícia, aumento do número de câmeras de vigilância, incentivar a população a denunciar infratores, manutenção dos estagiários nas DPs e geração de empregos. Reunidas em documento, as solicitações serão remetidas às autoridades competentes.
Para ser bem honesto, eu nunca vi ninguém roubar um banco para comprar uma estação de tratamento de esgoto. E claro, as ditas e mágicas câmeras de vigilância.
E se isto não bastasse, a RBS nos traz um editorial daqueles:
Curiosamente, o editorialista esqueceu de ler a matéria num jornal do Rio Grande do Sul, onde dois ex-membros das polícias paulista e gaúcha dizem que as câmeras tem pouco, ou nenhum, uso para prevenção de crimes, só restando algumas evidências anedotais. Tenho que ser honesto, a reportagem de Zero Hora fala que em março houve 18 flagrantes graças ao maravilhoso videomonitoramento em Porto Alegre. Uau! Salvo se houver uma mudança radical no comportamento do crime em Porto Alegre, acredito ser seguro usar dados de março de 2012 para análise; em março de 2012 houve 19.512 ocorrências, então dá para dizer que as câmeras são úteis em 0,09% dos crimes registrados. Isto não é anedota, é estatística simples.
E quanto ao mérito do editorial... O editorial exige uma maior responsabilização das pessoas que filmam eventos, mas cala-se quanto a questão das câmeras de vigilância. Como diz Jack, o Estripador: vamos por partes. Uma coisa é uma câmera fixa coletando informações sem parar e sem motivação, outra coisa é a gravação eventual de um acontecimento por parte de terceiros. Ao contrário do sistema de vigilância defendido pela RBS, o simples fato de tu teres um celular com câmera não quer dizer que todos estão a gravar o tempo todo, até porque nem haveria espaço para armazenamento de tais gravações nos telefones celulares. Depois vem a preocupação com os inocentes. Sabes que existe sistemas que gravam as pessoas nas ruas que nunca cometeram crimes? Sim, estes sistemas são as câmeras de vigilância. Ou não seria verdade que a maior parte dos dados gravados são de pessoas inocentes fazendo coisas lícitas? Por fim, os operadores das tais mágicas câmeras não são seres humanos como as pessoas a filmar com seus celulares? Pois parece-me pouco razoável não supor que tais operadores não estejam sujeito à pressões e erros.
Eu acredito que as câmeras de vigilância possam contribuir para a segurança pública! Vendam-nas como sucata e consertem alguma viatura estragada, coletes à prova de bala e outros utensílios realmente úteis e necessários.
Vigilância compartilhada
A rápida descoberta dos suspeitos do atentado na Maratona de Boston e os vídeos que permitiram à polícia gaúcha localizar o serial killer de taxistas evidenciam a importância da tecnologia como recurso de segurança no mundo moderno. Cada vez mais, a população perde a privacidade no cotidiano, pois hoje já não é possível transitar por locais públicos sem deixar gravados rastros da passagem humana. Mas a sociedade está ganhando um poderoso aliado nas questões de segurança, principalmente em grandes centros urbanos. É uma realidade que os governantes devem considerar ao decidir sobre investimentos e políticas públicas. É também uma nova responsabilidade para os cidadãos, que hoje dispõem de equipamentos para contribuir na vigilância compartilhada de suas coletividades.
(...)
Têm potencial também para incriminar inocentes, se o manuseio dos registros não se restringir a profissionais especializados, preocupados em não se deixar levar apenas pela pressão de quem cobra rapidez no esclarecimento dos fatos, deixando o rigor da apuração em um segundo plano.
Cada vez mais, os cidadãos e os servidores com atuação na área de segurança pública precisam unir esforços para contribuir contra o crime, valendo-se das imagens propiciadas por câmeras de vídeo e aparelhos eletrônicos de maneira geral. Essa inovação exige, ao mesmo tempo, maior responsabilidade na divulgação de fotos e vídeos, seja em qual for o meio disponível, para evitar prejuízos às investigações ou a quem nada tenha a ver com os fatos em apuração.
E quanto ao mérito do editorial... O editorial exige uma maior responsabilização das pessoas que filmam eventos, mas cala-se quanto a questão das câmeras de vigilância. Como diz Jack, o Estripador: vamos por partes. Uma coisa é uma câmera fixa coletando informações sem parar e sem motivação, outra coisa é a gravação eventual de um acontecimento por parte de terceiros. Ao contrário do sistema de vigilância defendido pela RBS, o simples fato de tu teres um celular com câmera não quer dizer que todos estão a gravar o tempo todo, até porque nem haveria espaço para armazenamento de tais gravações nos telefones celulares. Depois vem a preocupação com os inocentes. Sabes que existe sistemas que gravam as pessoas nas ruas que nunca cometeram crimes? Sim, estes sistemas são as câmeras de vigilância. Ou não seria verdade que a maior parte dos dados gravados são de pessoas inocentes fazendo coisas lícitas? Por fim, os operadores das tais mágicas câmeras não são seres humanos como as pessoas a filmar com seus celulares? Pois parece-me pouco razoável não supor que tais operadores não estejam sujeito à pressões e erros.
Eu acredito que as câmeras de vigilância possam contribuir para a segurança pública! Vendam-nas como sucata e consertem alguma viatura estragada, coletes à prova de bala e outros utensílios realmente úteis e necessários.
Comentários
as câmeras de vigilância sempre foram usadas como uma medida paliativa para esconder um problema real
http://rederecord.r7.com/londres-2012/video/apenas-10-das-imagens-de-cameras-de-seguranca-ajudam-a-identificar-acusados-505cfd4ce4b0773b3dd262b6/
Aí ó. uma ideia para um joguinho em flash. ;)
Aliás, como sempre alemães com essa preocupação em relação à privacidade. Curioso é que são sempre os alemães e austríacos os que mais se preocupam com a privacidade (aquele estudante de direito que processou o Facebook e viu que o FB tinha 1200 páginas a respeito dele é austríaco). Há alguma razão para isso?
tem certeza em relação aos alemães?
olhe só o link a baixo
http://info.abril.com.br/noticias/ciencia/nova-identidade-alema-tem-chip-rfid-26022010-19.shl
esses chips rfid,é uma das coisas que é usada para invadir a privacidade alheia
tem certeza em relação aos alemães?"
Do povo alemão e austríaco, sim.
Agora, dos governos e empresas alemãs e austríacas, não. :)